Aproveitei e fui até a seção de discos. Procurava algo que prestasse na parte de música brasileira, até que ouvi uma voz que soava entre o solícito e o mecânico: "A velha guarda fica aqui, logo embaixo do chorinho". Fui ao outro lado da prateleira e vi o vendedor se afastando, enquanto seu interlocutor se abaixava, um homem idoso mas de muito vigor, poucos cabelos e mãos inquietas que não passavam mais do que três segundos sobre cada caixinha.
- Essa Revivendo tem capas horríveis - tentei entabular uma conversa. A resposta foi um "é..." meio entediado, seguido de uma pergunta, semelhante a um teste para iniciados, respondida até que com certa facilidade.
A conversa seguiu e foi muito boa, embora curta. Não sei se lisonjeiros ou imprecisos, mas estimamos as idades, 20 e 65; erros grosseiros, tínhamos 29 e 79. Ele, fã de Dalva de Oliveira, faz aniversário dia 20 de setembro! Chegamos a cotejar algumas similitudes virginianas, ele com LPs, eu com livros.
Seu nome eu esqueci, mas tinha cara e jeito de Antônio, além do mesmo espanto que o meu, encontrar alguém com gosto musical semelhante.
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