Queria um poema sobre amor
Mas pensava em xícaras.
Em como gostava de seu café puro
com bolo de festa para adoçar.
No chá que - ele bem sabia -
ela tomava nas tardes de outono.
Nos cappuccinos divididos com os amigos.
Na sensação dos dedos gelados
tocando o copo quente de papel.
No banco da padaria lá de sua cidade.
Nos cafés com seu pai, na sua faculdade,
em casa, sozinho com a janela,
as árvores e o vento.
Sem perceber, escreveu um poema de amor pelas coisas.
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