Estou fascinado pelo que venho ouvindo, desde a música de teor sacro até os Carmina Burana, e é bom frisar aqui que não estou falando de música erudita no sentido forte do termo, mas de cantigas, composições jogralescas, cançonetas, saltarellos e música de relativo teor popular.
Uma boa mostra disso é uma das canções do Carmina Burana, Tempus est iocundus (O tempo está alegre), interpretada pelo grupo espanhol Artefactum. E interpretada mesmo, basta ver as brincadeiras vocais ao final da canção, um belo modo de interpretar o amor e sua relação com o voto de virgindade dos monges -- os carmina são uma coletânea de canções de caráter múltiplo, desde poemas sobre o vinho, passando pelo amor e pelos jogos de azar, até hinos religiosos. Eles foram compostos entre os séculos XI e XIII por monges germânicos conhecidos como goliardos, estudantes que, como a maioria nos dias de hoje e em todos os tempos, gostavam de um pouco de bagunça. Mas é preciso ratificar que há muitas composições de fundo moralizante e mesmo satíricas, que batiam de frente com a Cúria Papal da época e suas vestes de brocados dourados.
Tempus est iocundum, interpretada por Artefactum.
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