segunda-feira, 23 de abril de 2018

reminiscência

A solitude, de Camille Corot.

Quando era mais criança, ansiava por ter amigos, gente que gostasse das mesmas coisas que eu e com quem me identificasse. É o tipo de sentimento que todo mundo já teve, tenho certeza disso, mas neste caso, só falo por mim, mesmo porque não tenho permissão para falar sobre experiências que me foram contadas ou que não conheço.

Era um garoto de poucos amigos e conhecidos, mas de muita vivacidade quando aproximado, aquela mistura de criança quieta e dada, sem ser arredia. Gostava de brincar só, no meu canto, e assim cresci. Lembro do costume de fazer bonecos de papel, copiados de revistas em quadrinhos. Tudo muito simples. Era uma pequena diversão que tomava horas; eu tentava achar um modo de deixar aquele brinquedo bidimensional em pé sem que ele tombasse para frente ou para trás, fazia pezinhos que me permitissem colocar os bonecos em pé e montar cenas, coloria tudo, tentava fazer roupas. No final, não conseguia brincar muito bem com os bonecos, muito frágeis, mas me divertia – e eventualmente passava raiva – na montagem deles.

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