Havia na estante uma edição das Fábulas Enganosas, com a capa carcomida e desbeiçada. No lugar da lombada, apenas os cadernos e suas costuras desguarnecidas, algumas soltas. O alfarrábio chamou minha atenção e, por fim, acabei retirando-o da prateleira.
Folheando a esmo, parei na página 49, curiosamente no início de uma das fábulas mencionadas pelo título. O nome, estranhíssimo: O Subjeto. Falava de um coelho que se encontrava com um animal de características fantásticas, um anticoelho, ou uma antipantera ou um antibasilisco, que a toda hora mudava de forma e de cor, assim como o som característico que produzia ao se metamorfosear, sempre misturando ao menos três sons diferentes dos animais mais díspares entre si. Ao mesmo tempo, aquele “antianimal” era inanimado. Um objeto, em suma, mas com tantas idiossincrasias quanto possível, e a maior delas era ser inanimado e ao mesmo tempo latir, zurrar e não ter pelos ou bico, e tendo-os. Era o tal do subjeto do título.
O eterno ser ou nao ser.
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