temos sangrado tanto
e tão costumeiramente
pelas feridas, pelos poros, pelas ruas,
pelas obras, pelas hidrelétricas,
pelos estádios, pelas aldeias,
pelos assentamentos, pelos bairros pobres
temos sangrado muito
sempre apanhando, somos acossados
de todos os lados:
esquerda, direita
principalmente pela direita
nas costas, por um punhal acerado
pelos socos de Gerião no rosto
pela chuva que nos queima
e por baixo, pelo cadafalso.