terça-feira, 10 de agosto de 2010

Grud(g)e

É uma vontade de falar sem parar essas palavras grudadas no fundo da cabeça fazendo tampão e que nada tem a ver com palavras entaladas na garganta.

Se me irrito, olho pra mim e passa. O ser humano irritado por algo do dia a dia é coisa ridícula e de pequeneza maior que o motivo de irritação. É só olhar pra si, mas por fora, sem lentes que magnifiquem nosso eu balofo e marrento.

Pronto, desgrudei as palavrinhas.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Um ano

De conquista, de retomada, de tomada mesmo, de esperança, de beijos, de conversas e entendimento.

De desentendimento também. De sorrisos (palavra e ato importantes). De tanta coisa, que nem cabe num ano só.

Que um vire dez e que dez vire sem-fim, porque eu te amo.

segunda-feira, 29 de março de 2010

Sono.

A vontade é de ferro, mas a carne é fraca. Esta pede sono; aquela, movimento e tempo dilatado para se poder fazer mais e mais coisas, tudo ao mesmo tempo.

Ser tentacular. Cada braço, uma cabeça e uma vontade. Comer, beijar, ganhar dinheiro, estudar, foder, ler, cantar, imitar e se esconder atrás de si.

Tem horas em que a cabeça precisa de um bom travesseiro. A hora é agora, três e cinquenta da manhã de terça-feira.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Mídia digital e impressa




A argumentação de Umberto Eco parece ser fraca, já que se sustenta em suposições. Ela é, porém, a visada de um apaixonado por livros que constata a partir de dados do passado a materialidade do livro e seu lugar reservado no futuro.

Lanço aqui outro ponto: não consigo enxergar o livro digital suplantando o impresso, já que para muita gente - eu, aliás - o livro enquanto objeto perene e mesmo fetiche é algo essencial.

Eu concordo com Eco, é você?



Vídeo retirado do site do Estadão.
E aqui, a entrevista na íntegra.


terça-feira, 2 de março de 2010

Um bife, uma batata

Minha mãe viajou pra casa de minha irmã, meu irmão mudou-se para seu apartamento e eu me vejo em terra estranha: minha própria casa!

Tomei a resolução de não aceitar ajuda - salvo algum caso especial - e cuidar de tudo. Mostrarei a mim mesmo que posso dirigir as coisas!

O primeiro passo é fazer uma lista de compras, porque a geladeira está vazia...

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Canto morto

Morreu Arjuna.
De Aquiles foi-se a fama.
Odisseu, Eneias, Belerofonte
não há mais.
Há só concreto e sangue sob asfalto.
E a lira jaz caída, perdida num canto,
carcomida pelo pó voraz de nossos tempos.
Isolda e Brunhilda não voltarão
Penélope apaixonada também não há mais.

Hoje há só retinas
e os raios de luz absorvidos
O mundo voltado para fora, sem a mínima solução.
Vivemos pois em tempos baços
e heroicos, de rouquidão extrema,
pois as verdades dos outros
cintilam sobre nós
de um modo vulturino.

Já o véu que carregamos aqui por dentro
jamais se derramará
novamente sobre a terra.

Estes sim são tempos heroicos.






-------------

A melhor maneira - ou a única - de começar 2010 é com alguns versos. O próprio canto do poema é prosaico e gaguejante, seja na pontuação, seja no vocabulário sem invenção.
Queria ter disposição para discorrer mais sobre um tema caro, a fantasia e seu lugar no nosso século, mas não tenho pique para isso agora e não terei tão cedo. O que posso garantir é a posição da trincheira, a vigília apoiado na velha alabarda e a comida do hipogrifo de Ruggiero.